O corte de 0,75% na taxa de juros é uma boa notícia. Mostra que o COPOM está atento a prioridade dos brasileiros, que é manter o crescimento e o emprego. Considerando que a maioria dos consultores e analistas apostava num corte de 0,5%, essa decisão demonstra que a decisão foi tomada com independência em relação àquela força que pretende controlar os movimentos do BC — o mercado.
A notícia de que o Brasil contrariou diversas previsões, oficiais e privadas, e cresceu 2,7% em 2011 ajuda a explicar o corte de 0,75%.
É bom recordar que o crescimento de 2,7% é baixo em relação aos 4,4% que marcaram a média dos oito anos de Lula. Mas o crescimento de 2011 ficou acima da média do dois mandatos de FHC, 2,2%.
Mesmo assim, não há motivo racional para o crescimento ter ficado em 2,7%. A China cresceu 9,2% no mesmo período e, entre outros BRICS, a Africa do Sul, que teve o desempenho mais baixo — ficou em 4,1%.
A queda no indice brasileiro tem uma explicação. O governo Dilma entrou em 2011 convencido de que a prioridade era evitar o risco inflacionário. Isso levou o BC a levantar os juros e também desenvolver uma série de medidas macroprudenciais. Foram tomadas várias medidas destinadas a diminuir o crédito e rebaixar o consumo.
Vê-se, agora, que houve um exagero na dose. Era preciso impedir uma alta inflacionária, mas não havia necessidade de um esforço tão grande parea segurar o crescimento.
Interessada em esfriar ainda mais a economia, a oposição perdeu uma ótima oportunidade de mostrar competência se, em vez de pedir elevações ainda maiores dos juros, que poderiam levar à uma recessão, tivesse defendido medidas capazes de manter o crescimento.
Pelo contrário. Em 31 de agosto, quando o COPOM começou o ciclo de redução de juros, a oposição promoveu um carnaval monetarista. Vê-se, agora, que os juros poderiam ter começado a cair mais cedo.
Fonte: Época